quarta-feira, 10 de novembro de 2010

MEIA PALAVRA NÃO BASTA


O guaxinim passou correndo pelo tamanduá. Curioso, o tamanduá perguntou ao guaxinim aonde ele ia com tanta pressa. O guaxinim respondeu, mas o tamanduá não ouviu direito. Só deu pra entender que a resposta terminava em "eiro".

- Dinheiro? Deve ter alguém dando dinheiro! Vou lá também!
E desandou a correr atrás do guaxinim.

Os dois passaram correndo perto do cachorro-do-mato.
- Aonde vocês vão correndo desse jeito? - perguntou ele.
- Dinheiro! - respondeu o tamanduá, sem diminuir a carreira.

- Bombeiro?! - exclamou o cachorro-do-mato. - Será que a mata está pegado fogo?
Saiu então correndo atrás do tamanduá, que corria atrás do guaxinim.

O sapo viu os três correndo e perguntou:
- O que está havendo? Que pressa é essa?
- Fogo! - gritou o cachorro-do-mato.

- Jogo? Ih, é mesmo! Acho que a decisão do campeonato já começou!
E foi pulando atrás do cachorro-do-mato, que corria atrás do tamanduá, que corria atrás do guaxinim.

Vendo aquela correria, a ema perguntou o que estava acontecendo.
-Começou! - gritou o sapo.
- Tropeçou? Quem tropeçou? Ih, caiu, está machucado? - assustou-se a ema.

E lá foi ela correndo atrás do sapo, que pulava atrás do cachorro-do-mato, que corria atrás do tamanduá, que corria atrás do guaxinim.

Logo o grupo chegou à casa do guaxinim, que entrou esbaforrido, deixando os outros do lado de fora. Depois de um tempo, voltou sorrindo aliviado. Só então percebeu a presença dos outros bichos em frente à sua casa.

- Ué, o que vocês estão fazendo aí?
- Ué digo eu, guaxinim - disse o tamanduá. - Cadê o dinheiro?
- E o incêndio? A mata não está pegando fogo? - perguntou o cachorro-do-mato.
- E o jogo? Não é hoje a partida decisiva? - indagou o sapo.
- E quem tropeçou? - perguntou a ema. - Ficou muito machucado?

- Não tem nada disso aqui não, pessoal! - respondeu o guaxinim.
- Então por que você estava correndo daquele jeito?

- Eu vim correndo porque estava morrendo de vontade de ir ao banheiro...
- Ih, era "banheiro"! - exclamou o tamanduá. - Eu tinha entendido "dinheiro"...

- Ah!... - fizeram os outros.
Não havia dinheiro, nem incêndio, nem jogo, e ninguém tinha tropeçado. Deram então meia-volta pra ir embora.

Aí o guaxinim falou:
- Mas tem pipoca, feijão e refresco de jamelão. Alguém vai querer?
Todo o mundo quis.


*MEIA PALAVRA NÃO BASTA*
Maurício Veneza

*Desenho by Carolyn Rafaela*

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